Estádio charmoso,futebol retro e ótimas opções para o antes e o depois.
Ir a um jogo no estádio do Juventus virou balada.

James Scavone

Não era jogo do meu Corinthians, nem do São Paulo e do Palmeiras dos meus amigos.Era jogo do Juventus ontra o Barueri,marcado para as 11h. de domingo. Sete amigos,torcedores do trio de ferro paulista, resolveram pela primeira vez ir ao estádio juntos. Isso só poderia acontecer na Rua Javari para torcer pelo segundo time do coração de todo paulistano: o Juventus.

Às 8h30,seguimos direto para a padaria Di Cunto, uma lenda da Mooca. Entrei com uma camisa do Juventus. Queria que viessem a mim com os punhos fechados dizendo “Forza, Juventus”. Ninguém veio.

Barriga forrada, resolvemos ir dali a pé até a Javari. Sentamos na arquibancada. Assim que o juiz apita, começam as piadinhas. O jeito de um dos jogadores do Juventus lembra o boleiro de fim de semana.Logo ganha da gente o apelido de Churrasco. A torcida ao redor parece não ligar. Fora um ou outro, ninguém conhece direito os jogadores. Ouvimos o sotaque ítalo-paulistano em cada comentário. Há um sentimento de camaradagem entre os sessentões.

A melhor chance do Juventus no primeiro tempo sai no finalzinho. Mas o atacante escorrega e revolta a torcida. A trapalhada foi o assunto da espera pela segunda etapa. Festa de arromba, de Erasmo Carlos, abre o show do intervalo seguida de outras da Jovem Guarda. Me infiltro em um grupo de torcedores. Digo que vou escrever sobre o Juventus,um deles conta que tem um escritor que fica sempre atrás do gol torcendo como um louco. É Ignácio de Loyola Brandão, fada Javari.

O jogo no segundo tempo segue morno, e nós levamos 42 minutos para explodir de emoção. Não porque saiu um gol.Mas porque uma pomba resolveu descarregar sua carga bem na cabeça de um dos nossos.Piada para o resto da vida.

Depois da pomba, o juiz apitou o fim da partida. Fuçamos um olhando para o outro enquanto o estádio se esvaziava. Aquele time-amante, segundo lugar em nossos corações, tinha realmente seu encanto. Fomos ao Bar do Elídio, outra tradição da Mooca, e brindamos ao Juventus, ao futebol e às mulheres. No dia seguinte, minha pele me lembrava da falta de protetor solar. Estava da cor da camisa do Juventus.

Obs : Na mesma matéria, o autor também apontou seis razões para ir à Javari :

1) Amigos corintianos, palmeirenses, santistas e são-paulinos podem torcer lado a lado, e pelo mesmo time – o Juventus, é claro.

2) Antes do jogo, traçar umas bisnagas, doces e pães da padaria Di Cunto uma lenda da Mooca.

3) No estádio do Juventus,fica-se muito próximo do campo. Ao contrário de outros estádios,jogadores, técnicos, juiz e bandeirinhas ouvem o que você grita.

4) No intervalo,coma o canoli, iguaria doce vendida nos corredores da Javari pelo mesmo homem há anos.

5) É possível trombar nas arquibancadas com freqüentadores ilustres da Rua Javari, como o locutor Osmar Santos e o escritor Ignácio de Loyola Brandão.

6) Depois do jogo, esperar o domingo passar no Bar do Elídio, com decoração futebolística, que tem chope e acepipes inesquecíveis.

Obs : Matéria publicada na Revista Vip de abril/2008