Alguns conheciam como “Bica”, outros como “Barroca” ou mesmo “Tchibum”. Tanto faz. O fato é que assim era denominada uma extensa área de propriedade da Cia.Imobiliária Parque da Mooca localizada onde hoje se situa a região conhecida como Parque da Mooca, que ia desde a avenida Paes de Barros até os Armazéns Gerais, que ladeiam a antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, hoje CPTM.

Nessa área, existiam inúmeras nascentes formando córregos e pequenos lagos, mas a maior parte era coberta por vegetação com muitas árvores frutíferas, atraindo dezenas de espécies de aves e outras espécies de animais, inclusive muitas cobras.

O local era um ponto de recreação de toda a garotada da região (incluindo Vila Prudente) que lá iam mergulhar nos lagos (daí o apelido “Tchibum”), colher e saborear as frutas, caçar passarinhos e pequenos animais (crime hoje em dia), fazer guerra de caroços de mamona e, naturalmente, jogar futebol. Vez ou outra o local era palco de conflitos entre garotos de regiões rivais.

Mas, um outro tipo de atração levava muita gente para aqueles lados: as dezenas de campos de futebol, utilizados por inúmeras equipes onde desfilavam muitos outros tipos de “cobras”: os craques da várzea, muitos deles futuros integrantes das grandes equipes de futebol profissional.

Não sabemos precisar, mas acreditamos que esses campos foram mantidos até a década de 1960 quando o Clube Juventus iniciou a construção do seu complexo poliesportivo, trazendo um grande desenvolvimento para toda a região.

Na verdade, um campo escapou da ânsia imobiliária: o chamado “Pacaembuzinho ou “Buraco” que, graças a Deus, teimosamente ainda existe e sobre o qual falaremos oportunamente.

As condições um tanto quando selvagens da “Barroca” também era utilizada pelo Exército Nacional para a realização de treinamentos do Tiro de Guerra, tipo de atividade em que os jovens podem servir a Pátria de modo que o convocado possa conciliar a instrução militar com o trabalho ou estudo, ou seja não exige a presença constante como dos demais reservistas. A foto (a única que conseguimos localizar da região) datada de 1944 mostra um grupo desses jovens pertencentes ao 2º Pelotão da 1ª Cia. engajados no Tiro de Guerra.

Talvez para os jovens de hoje a história da “Barroca” quase nada desperte o interesse salvo aqueles que se interessem pelas coisas da Mooca mas, para alguma gerações que tiveram a oportunidade de conhecer e desfrutar daquele local, certamente trará saudosas recordações.

Texto publicado em março/2020 baseado em relato de Antônio Carlos Mendonça e de várias outras pessoas entrevistadas.