Muita gente deve ainda lembrar de um programa de televisão de muito sucesso criado na antiga TV Excelsior nos anos 60 denominado “Telecatch”, dedicado à exibição de combates de luta-livre que combinavam encenação teatral, combate e circo.

Inicialmente chamado Telecatch Vulcan, posteriormente passou a ser denominado Telecatch Montilla na TV Globo (1967 a 1969) e, finalmente, como Os Reis do Ringue na TV Record nos anos 70.

O sucesso era tanto que uma “febre” televisiva percorria o país: assistir semanalmente grandalhões (e nem tanto) distribuindo pancadas a torto e direito, com voos e saltos espetaculares. Era um show de divertida e simplória coreografia.

Os telespectadores mais ingênuos, que formavam uma enorme legião, acreditavam piamente que as lutas eram pra valer! Enquanto os outros se divertiam e torciam normalmente, esses ficavam genuinamente revoltados com as “maldades” (golpes baixos) que os feiosos “maus” faziam contra os “bonzinhos” (geralmente simpáticos e bem-apessoados).

E o pior: o juiz, “vendido” fingia nada ver. Mas era só uma questão de tempo. Decorridos alguns minutos de “massacre”, chegava a hora do êxtase quando o herói (todo “arrebentado”) reagia e dava uma “surra” memorável no lutador “sujo”. Era o máximo (acreditasse ou não)! Uma alegria total! O Bem vencia (quase) sempre o Mal! (mesmo que fosse só numa farsa gostosa e pura).

Antes do embate começar, os lutadores (alguns fantasiados) eram pomposamente chamados ao ringue pelo mestre de cerimônia. Passavam por um corredor no meio do público. Enquanto o “bonzinho” era aplaudido e recebia carinhos, o vilão recebia sonora vaia e levava, de quebra, alguns sopapos dos mais entusiasmados.

E não se pode esquecer da “Australiana” (a última atração, aguardadíssima, de cada programa), que era luta de dupla contra dupla. Aí o pau comia em dobro!

Alguns personagens que faziam o inocente mundo do “telecatch”: VERDUGO, FANTOMAS, AQUILES, MONGOL, ÍNDIO PARAGUAIO, CIGANO, MÚMIA e TED BOY MARINO (o astro maior). Vários deles eram mooquenses. Um dos grandes responsáveis pelo sucesso do gênero no Brasil e que, depois de algum tempo passou a ser o coordenador do grupo de lutadores), Alguns juízes também se destacavam, dentre eles os mooquenses Isidoro de Caria e Valdir Gentile. Adorados por crianças e adultos, a presença de todos esses heróis no ringue era garantia de enorme audiência.

Fato interessante para nós é que nos anos 70, o coordenador Ted Boy Marino instalou a sede da organização na rua Taquari em uma casa onde hoje está a Universidade São Judas.

Para relembrar de Ted Boy Marino assistindo a uma de suas “violentas” lutas acesse: veja o vídeo aqui