Em casa eu falava muito de meus amigos de infância, de nossas brincadeiras com jogos de futebol em nosso campinho na Rua Ó, onde de vez enquanto à noite, um senhor passava filmes do Carlito, do Gordo e o Magro e desenhos do Pica-Pau entre outros, era tudo muito fantástico, ficávamos atônitos observando aquela luz que saía daquela máquina que fazia um barulho esquisito zzzzzzzz e projetava a imagem numa parede pintada de branco.
Lembro-me que após o encerramento do espetáculo, corríamos para a chácara que era ao lado e pegávamos cenoura e íamos comendo pelo caminho. Lembro-me também das brincadeiras de bolinha de gude, pião, uma na mula, mãe da rua e com as meninas rei e rainha, volei-boll incentivado pelo pai de um de nossos amigos que comandava sempre essas brincadeiras.
Nas noites frias de São Paulo e nas festas juninas, acendíamos uma enorme fogueira com madeiras retiradas da plataforma de trens que passava ao lado (Rua dos Trilhos), hoje ocupada por feira-livre, enfrente ao antigo Cotonificio Crespi.
Uma coisa que gostávamos muito de fazer era dar susto nas pessoas, como por exemplo, pegar um mamão tirar o conteúdo dele, fazer os olhos, o nariz e a boca, e colocar uma vela acesa, como as ruas não principais eram escuras, púnhamos o mamão que parecia uma caveira em cima da mureta da casa, tocávamos a campainha e ficávamos escondidos para ver o que ia acontecer, se fossem as meninas ou senhoras era uma gritaria só, más se fosse o pai era uma xingação desgraçada.
No mês de abril de 2000, por incentivo de meus filhos, procurei na Lista Telefônica o nome Osvaldo Urbano e encontrei o meu amigo e irmão, liguei para aquele número e fui atendido pela esposa dele, me apresentei e pedi-lhe para não falar quem era, pois queria fazer-lhe uma surpresa, aliás já fazia mais de 50 anos que não nos falávamos.
Quando ele atendeu, procurei disfarçar de alguma forma, porém dava algumas dicas até que ele descobriu, e aí então, foi só alegria, falamos de nossa infância e do café com leite e o pão suíço feito na Padaria Reny (Rua do Hipodromo) e com manteiga Aviação que sua progenitora nos preparava de vez enquanto.
Foi aí que surgiu a idéia de tentarmos reunir os nossos amigos e que eram muitos, mas sabíamos que não seria tarefa fácil, pois quando crianças não ligávamos para o sobrenome, mas lembrávamos de alguns, então nos propusemos a encontrá-los e surgiu a idéia do Osvaldo em convidar eles para um encontro num sábado às 10:00 horas na mesma esquina onde nós nos encontrávamos para brincar (Rua Itajay, esquina com a Rua Ten.Inácio da Silveira). Então saímos a procura (bendita Lista Telefônica) e conseguimos encontrar o Gustavo, o Hélcio, o Cláudio, o Afonso,o Ênio e o Orlando, este foi fácil porque é irmão do Oswaldo.
Encontramos também o Henrique mas ele tinha sofrido um acidente e não podia estar presente, mas mandava um grande abraço a todos, o Jairo também não pode comparecer. E fomos para o encontro após 50 anos, eu fui o primeiro a chegar, logo em seguida, o Osvaldo, o Orlando, depois o Hélcio, o Cláudio e o Gustavo, o Afonso e o Ênio, e não preciso dizer que foi só abraços e choradeiras; meu filho Sérgio que sabia desse encontro apareceu e tirou fotos dos chorões, desse grande momento, afinal de contas ficamos juntos dos 7 aos 16 anos.
Soubemos que o Paulinho, o Carlito, o Dito e Valter Pancera já estavam morando no céu. Depois desse alegre dia, convidei-os para o aniversário de meu neto Henry e que, por 3 anos consecutivos eles compareceram com suas respectivas esposas nos aniversários; nesse ínterim localizei o Milton no Rio de Janeiro o qual esteve presente em dois aniversários, grande Milton, o Jairo e o Robertinho também estiveram nesses momentos, inclusive a Jany e a irmã do Hélcio, infelizmente, não sabemos do paradeiro do Valter Campana, Vadinho, Mário, Chinezinho, Luly e outros, não sabemos do paradeiro das meninas Laurecy, Marlene, Ireni, Nilza, Mirla, Mirian, Nela, Neuza e outras, a Silvia soubemos que mora também no céu.
Quero nesta oportunidade agradecer a todos eles por me terem proporcionado grandes momentos na minha infância e tenho certeza que o pensamento deles é o mesmo. Quero também nesse momento pedir desculpas por não ter mais entrado em contato com eles motivado por uma operação sofrida na artéria carótida em dezembro de 2003, mas logo estarei de volta me aguardem, vamos combinar um jantar na Pizzaria São Pedro, a melhor do bairro da Mooca, para colocarmos em dia as nossas lembranças.
Mais uma vez agradeço ao PORTAL DA MOOCA por proporcionar essas lembranças tão agradáveis e que permanecem eternamente em nossos corações. Finalizando, mando uma mensagem aos meus amigos para relatarem suas lembranças aqui no portal da Mooca e com certeza existem muitas histórias que poderão ser lembradas como esta, por exemplo, o Tico foi pegar ameixa e o Caolho que tomava conta da ferrovia, o pegou e passou pixe na sua cabeça, não deu outra…teve que cortar careca. Escrevam… Um grande abraço a todos.
Sergio M. Sarno