Augusto Haagensen dá início ao projeto teatral: os costumes da vaidade, com releitura de “Dom Casmurro”.
Projeto visa a desburocratização da “chatice” posta sobre as obras clássicas da literatura brasileira, com incentivo ao acesso.
São Paulo, 19 de novembro – O projeto “Os Costumes da Vaidade”, idealizado e coordenado por Augusto Haagensen, tem o intuito de investigar a essência da vaidade humana e identificar novos olhares sobre as obras de Machado de Assis, resultando em textos e propostas cênicas, com atores profissionais e jovens em busca de formação artística profissional. O projeto iniciado em maio de 2018 tem previsão de encerramento com a formação completa de repertório e dos novos intérpretes em maio de 2020.
O projeto atende a diversos públicos, especialmente aos jovens de 16 a 29 anos e as pessoas que não são incentivadas a frequentarem teatros. A partir de “Dom Casmurro” existe uma série de obras que devem ser abordadas para a composição do repertório, como por exemplo: “Pai contra mãe”; “A queda que as mulheres tem para os tolos”; “Memórias póstumas de Brás Cubas”; “O alienista”; entre outras.
Segundo o idealizador do projeto; é necessário desburocratizar as obras clássicas da literatura, torna-las acessíveis e prazerosas pois que, por incrível que pareça elas não falam apenas sobre o passado, mas dizem muito sobre o hoje. Além das peças, o projeto conta com um ciclo de debates, após cada apresentação, com o dramaturgo, elenco e convidados (as).
Em tempos de censura, é preciso se vestir de Machado de Assis.
A peça “Quem traiu Capitu?” questiona o conceito de justiça e de verdade que provoca a reflexão: até que ponto somos capazes de ir para ter boa reputação e dinheiro?.
A tragédia se inicia com Justina, prima de dona Glória, apresentando a carta de Bentinho que declara Capitu adultera. O caso é um paralelo que assim como no romance dá chance à dúvida sobre a veracidade da traição. Quem garante que a carta foi escrita pelo marido Bentinho?
No período da morte do filho, dona Glória a mãe, está em processo de falência econômica e a única oportunidade que parece pertinente para a recuperação é, o apoio da igreja e do Estado frente às questões de adultério da nora, que se for condenada a prisão, perderá a herança deixada pelo marido, como assegurava as leis de 1830.
A dramaturgia dá ligação direta ao Brasil do século XIX em uma proposta cênica atemporal, que aponta um caminho histórico de repetições: quantas não são as autoridades que insistem em fazer alianças em busca de privilégios e prestígios, prejudicando continuamente “os mais fracos”? O espetáculo propõe olhares atentos para perceber a essência do caráter humano em qualquer época e, o enfrentar do grande desafio: a autoanalise.
Ficha Técnica Quem traiu Capitu?
Texto e direção: Augusto Haagensen
Elenco: Julio Salvador, Taci Lacerda e Lais Pires.
Cenário: Ju Castro
Figurino: Gislaine Oliveira.
Iluminação: Ju Castro
Produção: Ebenézer Produções Artísticas.
Cronograma de leituras (dezembro/2018).
4 e 5 de Dezembro às 21h – Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo.
Av: Paes de Barros, 995 – Mooca.
Sobre o idealizador
Em 2015, Augusto Haagensen, formado em arte dramática pelo (ETA) Estúdio de Treinamento Artístico, inicia sua carreira artística profissional, com a abertura da produtora Ebenézer Produções Artísticas, com a direção e dramaturgia do espetáculo “Recortes (mal) ditos” releitura de “Querô” de Plínio Marcos e com o processo de produção cultural na Secretaria Municipal de Cultura, que lhe proporcionou trabalhar no Teatro Leopoldo Fróes e Paulo Eiró, ambos em São Paulo.