Se, apesar da constância com que vemos o dirigível da Rede Globo sobrevoando os céus de São Paulo e de outras cidades do Brasil, ainda hoje nos desperta a atenção, imagine quão surpresas e até assustadas ficavam as pessoas nos anos 30 vendo um desses grande “monstros” aéreos sobre suas cabeças.

Um exemplo disso aconteceu em maio de 1930, quando o dirigível Graff Zeppelin atracou pela primeira vez no Campo dos Afonsos no Rio de janeiro, trazendo a bordo o maestro Heitor Villa Lobos.

Acontecia então a viagem experimental do primeiro serviço transatlântico da história da aviação. Esse vôo unia a cidade alemã de Frankfurt às cidades brasileiras de Recife e Rio de Janeiro, com escalas nas cidades de Barcelona e Sevilha na Espanha.

A rota Alemanha – Brasil ficou marcada a partir de 1932, quando o Graff Zeppelin passou a fazer a rota Frankfurt – Recife, com três dias e três noites de duração e os vôos do Syndicato Condor eram usados como conexão para os passageiros que queriam chegar ao Rio de Janeiro.

Já em 1936, o dirigível passou a voar até o Rio de Janeiro em uma viagem de quatro dias de duração. Mesmo com um longo tempo de duração de viagem, as mordomias a bordo não eram poucas, apesar da decoração interna do dirigível ser simples e geométrica do estilo Bauhaus. As acomodações internas possuíam beliches para os passageiros, sala de jogos, sala de estar onde eram servidas as refeições e de onde os passageiros podiam observar a paisagem.

Em 1937 o último Zeppelin decolou com destino a Frankfurt. Após nove viagens ligando o Brasil a Europa, sendo quatro realizadas pelo dirigível Hindenburg e cinco pelo Graf Zepppelin, a linha foi desativada e o então aeroporto Bartolomeu de Gusmão logo depois foi transformado na Base Aérea De Santa Cruz, sendo o hangar dos dirigíveis ocupado por várias unidades aéreas que ali passaram a se instalar com a chegada da II Guerra Mundial.

Os dirigíveis foram abandonados em decorrência de sua vulnerabilidade aos problemas meteorológicos e a uma sucessão de desastres, em especial a chocante explosão do Hindenburg no Hangar de LakeHurst, Estados Unidos, assim como o progresso tecnológico dos aeroplanos, fator determinante para o seu desaparecimento.

Pessoas que presenciaram as primeiras aparições do dirigível relatam que, de início se via no céu, ainda não poluído, uma pequena mancha que aos poucos começava a crescer, transformando-se num enorme balão em forma de charuto, onde havia motores impulsionando e direcionando esta aeronave conforme a vontade do piloto. Tratava-se de um dirigível: era o Graf Zeppelin. Este nome lhe foi dado em homenagem a seu inventor, um General alemão, aeronauta, chamado Von Zeppelin (Conde de Zeppelin).

O povo da cidade ficava muito alvoroçado. Todos corriam para ver aquele fenômeno. Para a descida de um dirigível eram jogadas as cordas do balão para que este fosse amarrado ao solo e seus tripulantes pudessem descer à terra. Eram necessários vinte homens, para segura-lo, assim mesmo, com muita dificuldade!. Naquela época, as mocinhas pediam para serem fotografadas junto aos tripulantes da aeronave e ganhavam fotos autografadas dos oficiais.

O aspecto da raça dos visitantes, tanto quanto sua aeronave, muito impressionava aos nativos da terra, pois eles eram altos, loiros e de pele bastante avermelhada, sem falar nos olhos claros como o aspecto do povo nórdico. Era como se fosse para nós, hoje, uma visita de extraterrestres pousando em plena praça, frente à igreja matriz e defronte à prefeitura. Foi um “happening”: um grande acontecimento!
A população da Mooca também foi surpreendida com a aparição por aqui do dirigível Zeppelin na década de 30, o qual, embora não tivesse nos brindado com um pouso, chamou a atenção de todos, causando grande alvoroço.

Moradores da época contam que o balão era acompanhado e sobrevoado por uma pequena aeronave que dava vôos rasantes dando a sensação que iria atingir o Zeppelin, causando grande susto naqueles que estavam presenciando. Esse momento, podemos dizer, histórico foi registrado fotograficamente pela família Barbulho na foto ao lado, tirada do Largo São Rafael.