Manoel Jorge Dias, o Manezinho da Implosão, formado em engenharia de minas participou de grandes implosões no Brasil, como da Arena Fonte Nova, do Palace II e até mesmo do Carandiru.
Nascido no Ipiranga, tem o bairro apenas como referência de seu nascimento já que veio morar na Mooca, mais precisamente na rua Natal, quando tinha apenas três anos e lembra: “Morei na rua Natal quando ainda era rua de terra, repleto de terrenos vazios.
Meu pai comprou um bar ali que existe até hoje.”
Na Mooca, estudou numa escolinha de madeira ao lado da igreja São Pedro, na rua Ibitinga, a qual ele se recorda com muito carinho, passou pelo Galixo em 1962, pelo Armando Araújo, pelo Dom Bosco e pelo MMDC quando inaugurou, onde passou seis anos.
Embora particularmente seja conhecido como Manezinho da Implosão, por força de sua principal atividade profissional, no meio mooquense ele é mais conhecido por sua atividade como proprietário de casas de antiguidades e, principalmente, pela fenomenal coleção de discos de vinil, que tem sido objeto de inúmeras reportagens da imprensa, tornando a Mooca “a Capital do Vinil”
Manezinho conta que todo o acervo, quantificado em um milhão de lps, 400 mil compactos, 200 mil livros, 70 mil discos de 78 rotações, 7 mil quadros, esculturas e objetos de colecionismo, totalizando aproximadamente dois milhões de itens foi acumulado ao longo de dez anos e de forma impensada, por isso, engana-se quem pensa que todo o acervo foi acumulado por décadas, ou que é herança familiar, como comumente as pessoas imaginam ao depararem-se com a espantosa quantidade de itens no acervo.
Tudo começou a acontecer no ano 2000, depois de “cometer a loucura de comprar cinco carretas de roupas
femininas em um leilão e não saber onde colocar”, Jorge montou uma loja, na Mooca, na rua do Oratório, que foi um fracasso retumbante, como ele conta.
Com o fracasso dos negócios da loja e com tanta mercadoria encalhada, após um sequestro, surgiu a ideia de um renascimento e daí veio a ideia de fazer um tipo de escambo, onde as pessoas trariam, primeiramente, livros para receber como forma de pagamento pagamento roupas.
O que aconteceu, foi que os livros acabaram ficando esquecidos e todos queriam trocar seus vinis e fez com que isso tomasse proporções inimagináveis, como certa vez quando Jorge encontrou um lojista interessado em vender um grande lote de vinis para comprar um imóvel. Com ele, era o inverso. “A gente se cruzou e comprei 200 mil discos de uma vez só”, conta. “Tive que levar tudo em dinheiro e, toda noite, durante uma semana, carreguei caminhões e caminhões de discos de vinil.”
Ainda que agora seja montar um roteiro do vinil entre os espaços que possui casarão Jorge se lembra que nunca teve qualquer tipo de interesse de comercializar os discos ou os livros, pois foi pego de surpresa não imaginava o ressurgimento do vinil que viria a ensejar em tal forma de comércio em todo o mundo. Tão expressivo tem sido o crescimento da procura por seus produtos que Manezinho acaba de inaugurar mais uma loja, no conhecido casarão rosa situado na esquina Rua dos Trilhos com a Rua Clark, onde já virou um ponto de encontro de aficionados pelos vinis não só da Mooca mas também de várias partes de São Paulo.
O porquê de o vinil ter voltado? Ele responde: “ Por que a Música hoje está sendo apresentada de uma forma muito mais simples, não palpável, e o vinil é totalmente o contrário. O vinil você pega, limpa, tem o lado A, o lado B. Existe um ritual de ouvir música. Hoje todo mundo está se incrustrado num mundo individual e o vinil proporciona exatamente o contrário, um congraçamento entre as pessoas.
Como na época da Bossa Nova, onde os vinis eram caros e as pessoas se reuniam na casa do vizinho para ter acesso à essa música. É isso que faz com que o vinil tenha voltado desta forma. Não é saudosismo, as novas gerações querem uma experiência palpável.”
* Fotos de Vitor Bandeira
* Matéria elaborada em setembro de 2014