Olá Amigos da Mooca!
Gostaria que minhas memórias fossem publicadas neste maravilhoso site PORTAL DA MOOCA.
Aqui está uma foto da Rua da Mooca do ano de 1957, neste ano eu não havia nascido, pois nasci no ano de 1962 na Rua Bresser na Maternidade do Brás e depois fui morar na Rua Niterói, hoje San Gennaro.
Nesta foto, a igreja de São Januário aparece do lado esquerdo e me lembro que ao lado da igreja tinha uma pequena mercearia do Italiano seu Pedro Auricchio no qual seus filhos Marcos e Vicente trabalhavam junto com seus pais na mercearia.
A mercearia do seu Pedro dava passagem para a antiga Rua Niterói e quando eu saia com o meu pai, passávamos sempre pela mercearia, pois cortávamos caminho para chegar em casa. Meu pai aproveitava para comprar pão e frios e eu aproveitava para tomar uma cerejinha. [adorava o refrigerante cerejinha]. Seu Pedro assava os pães no forno a lenha. Perto da igreja de São Januário, existia também um mercadinho, no primeiro Box, [vamos ver se estou bom de memória] havia a lojinha da Ivone e da D. Lurdes e o Francisco que se não me falha a memória acho que eram tios do meu amigo Guido Piva que era muito amigo do meu pai. No segundo Box, era o Sr, Francisco, o Ringo que vendiam queijos e laticínios, no terceiro Box a Nilda Japonêsa com uma bela quitanda, quando ia com minha mãe fazer compras, ela me dava una saborosa banana nanica. No quarto Box o Orlando tinha um açougue. É isso mesmo amigos? Outra padaria em que minha mãe costumava comprar o pão, era a padaria do Sr. Pepino. Esta padaria era na Rua da Mooca em frente à Rua Piratininga, nos fundos desta padaria existia uma garagem de autos do Seu Vitório, em cima desta garagem e em cima da padaria existia um salão de bailes do seu Crispim, chamado Salão Piratininga onde aconteciam bailes para terceira idade e bailes de carnaval. Este prédio tinha um acesso da rua da Mooca para a Rua Niterói.
Na Rua Niterói, toda a quarta feira, passava o tripeiro, um senhor Italiano com uma carroça fechada, puxada por um cavalo, vendia fígado, miúdos de boi, carne de porco, língua de boi etc.
Lembro-me também que o Sr. Manoel um Português, passava todos os dias vendendo pão e o leite, minha mãe e as vizinhas compravam leite que eram vendidos em garrafas, assim como o iogurte. Eu ajuntava as tampinhas do leite e do iogurte, que eram de alumínio, para vender no ferro velho lá da Odorico Mendes.
Eu quando era pequeno, era meio estunado e me lembro que deixei o Sr Manoel padeiro louco, pois um dia quando ele encostou com o seu triciclo e foi entregar o pão e o leite para o pessoal, peguei o triciclo dele e fui dar uma volta pela Rua Dom Bosco, quando voltei, ele estava lá desesperado pensando que haviam roubado o seu triciclo.
Coitado! Lembro-me bem do Bazar Estrêla da Dona Estrêla e o Sr. Jesus, minha mãe me pedia sempre para comprar botões, linhas, agulhas e elásticos para ela costurar.[O Bazar Estrêla ficava na Rua Dona Ana Nery, quase em frente do Colégio Piratininga]. Na Rua Dona Ana Nery, ficava também a Papelaria Popular do Sr. Jamil e da Dona Odila. Meu pai, Sr. Jamil e Dona Odila, gostavam muito de jogar na loteria.
Na Rua da Mooca havia o bar do Alexandre no qual meu pai me levava para comer sanduíches e tomar cerejinha, o Alexandre me preparava um sanduíche de mortadela com aquela mortadela que ele cortava com a faca, pois era muito grande e não cabia na máquina para cortar, era uma mortadela cheirosa que o bar inteiro ficava com o aroma de mortadela. No bar do Alexandre eu jogava furadinha, aquele painel de madeira com um monte de furinhos e colocava o prego em um lugar que não estava furado, ai caia uma bolinha colorida indicando o prêmio, geralmente era um pente de plástico chamado pente carioca. Lembro-me que minha mãe, quase todas as tardes, me levava para tomar café com leite e churros da Dona Dolores [posso provar para todos que os churros que comia lá, eram os verdadeiros, pois os churros eram confeccionados por uma Espanhola nata a Dona Dolores].
Toda à tarde também passava o Sr. Italiano que com uma bandeja coberta com uma toalha de pano, vendia esfolhatella.
Ele gritava: esfolhatella, esfolhatella, vai esfolhatella paisanilo? Na Ana Nery em frente à Rua Dom Bosco, a famosa Vila da Merda, apelido dado porque nesta vila havia muitas crianças e muitas delas faziam as necessidades nas vielas que cercavam as casas, os espanhóis caminhavam desviando das merdas, xingando as crianças: me cago nel ninho, me cago nel ninho e ficou vila da merda. No colégio Dom Bosco o Padre Martini quase sempre me batia com o sino em minha cabeça, [eu era bonzinho pacas], lá ia eu de castigo rezar na igreja. Assim foi a Mooca… Meu avô veio de Sevilla Espanha, direto para a Ana Nery, montou uma leiteria na própria Rua Dona Ana Nery, depois montou uma charutaria na esquina da Rua Piratininga com a Av. Rangel Pestana em frente à pizzaria do Adriano a Avenida Chic que por sinal fazia a melhor pizza de São Paulo. No sábado à noite a pizzaria do Adriano bombava tanto que passávamos nervoso para comer a pizza no balcão, pois era tanta gente que mal a pizza saia, acabava e justo na nossa vez. Com o tempo fui pegando a manha com o pessoal e ai fiquei esperto, quando chegava na pizzaria, encostava logo na boqueta onde saia a pizza e pedia logo para por dois pedaços. Na esquina da Rua Ana Nery com a Rua da Mooca, meu pai me levava no Sr. Antonio Português comer um churrasco com queijo, tinha que chegar cedo, pois das 22:00 hs em diante, até as tantas da madrugada, aquela esquina ficava lotada por taxistas, policiais, trabalhadores das fábricas da região: a Alpargatas, Antártica, Pado e outras, todos para comerem o churrasquinho do Seu Antonio Português que se não me engano, trabalhava junto com o seu irmão. Na esquina da Rua Dom Bosco com a Rua Dona Ana Nery, existia uma mercearia cuja dona se chamava Novela e os Espanhóis se reuniam para jogar dominó. Em frente à mercearia da Novela, existia um outro bar que se reuniam o pessoal do Madri Esporte Clube, os donos deste bar não eram Espanhóis e sim Portugueses. Minha querida Mooca! As minhas namoradinhas Espanholitas…
Tempo em que as famílias se reuniam nas casas, um entrando na casa do outro, todo mundo conhecia todo mundo…
Na feira da Rua Dom Bosco, Seu João Espanhol, vendia óleo comestível, só que tinha de levar o litro, pois o óleo era vendido nos barris de ferro e era tirado com manivela. No natal os Espanhóis faziam um baita de um barulho pelas ruas tocando sambomba. Que barato!
Nas festas em que meu pai fazia, ele comprava o chope na Antártica da Av. Presidente Wilson. O chope vinha em tonéis de madeira. E por se falar em Antártica, freqüentei muito o ARCA, um clube da Antártica que ficava na Rua da Mooca. Quando minha mãe fazia pizza, ela mandava eu ir buscar cevada para fazer a massa, na Antártica, tinha que voltar correndo para minha casa, pois a cevada dentro de uma garrafa vinha derramando pelo caminho. Por se parlar em festa, estive presente na primeira festa de San Gennaro, uma barraquinha da pescaria, outra de doces, três ou quatro autofalantes tocando discos de música Italiana, um parquinho montado em um terreno, trinta ou quarenta pessoas, correio elegante e hoje uma festa conhecida no mundo inteiro chegando a ser visitada por mais de quinze mil pessoas em um só final de semana.
As famosas domingueiras do Juventus… Por várias vezes ouvi e vi a Rita Lee cantar nas domingueiras, onde por sinal a Rita começou sua carreira. Mooca sempre Mooca!
Certa noite em casa, assistindo um noticiário na tv, aparece o coronel Fontenelli informando que iria fechar as porteiras da Rua da Mooca. No dia seguinte lá estávamos para constatar a noticia dada pelo coronel. As porteiras já estavam abaixadas e fechadas com barris, impedindo assim a passagem dos automóveis que passavam da Mooca baixa para Mooca alta e vice e versa e assim ficou fechada até os dias de hoje.Quanto tenho de bom para falar da Mooca, quanta amizade bonita, tempos que não voltam mais… Meu Maveko 74 amarelo 8 cilindros quatro portas que comprei dos Alemães [Dedé e Newtinho} no qual eu apavorava nas noites de sábado pela Av. Paes de Barros, ou fazia uma hora com ele em frente a Rua Madre de Deus esquina com a Av. Paes de Barros na lanchonete EKOS, onde era a antiga agência de passagens da Cometa, hoje Habibs. Depois a balada era Praça Silvio Romero, discoteca Status na Rua Coelho Lisboa ou Rua Augusta, dependendo da grana. Nos domingos presença obrigatória nas matinês do cine Ouro verde na Rua da Mooca ou cine Patriarca na Rua do Oratório.
Tempo dos balões no campo dos bois, festas juninas do Dom Bosco, Firmino, Juventus, pizzaria São Pedro e a pizza de escarola, a esfiha de carne do Sr Jorge turco lá da Barão e no meu tempo, existia um casal de Alemães na Rua Barão de Jaguara que faziam biscoitos de polvilho, que delícia! Sem esquecer a pizzaria do Seu Franco a pizzaria Guará. Meu! Vou parar por aqui, se eu for escrever LA DOLCE MOOCA, teria que editar um pergaminho de 120 kilometros ou levaria MILIANO!
MOOCA, NÃO FIQUE BRAVA COMIGO, NÃO TE ABANDONEI!
NÃO SE ESQUEÇA QUE GUARDO VOCÊ NO MEU CORAÇÃO…
Um forte abraço a todos os DA MÓCA MEU!
Jefferson Costa