Em 1943, o governo do Estado de São Paulo cedeu para o Ministério da Aeronáutica as instalações da Hospedaria dos Imigrantes (hoje Memorial do Imigrante), localizada à Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da Mooca, para ali ser instalada a Escola Técnica de Aviação, com a finalidade de formar técnicos e especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira.
Conforme consta de documentos da época, “o Edifício imponente, bela arquitetura, de extensa área, todo ajardinado, belas árvores frondosas, amplas dependências, adequou-se perfeitamente à nova missão, com inúmeros Departamentos e Laboratórios montados com modernos equipamentos e recursos auxiliares destinados à instrução: hospital, teatro, biblioteca, estação de rádio difusão, alfaiataria, alojamentos, refeitórios e bar”.
A Escola Técnica de Aviação, embora tenha iniciado suas atividades em 22 de novembro de 1943, com apenas 4 alunos, a inauguração oficial ocorreu em 2 de maio de 1944, com a presença do Presidente da República Getúlio Vargas mas, impulsionada pelo crescimento vertiginoso do poder aéreo naquela época, que exercia verdadeiro fascínio sobre os jovens, no seu primeiro ano de funcionamento estavam matriculados 4.000 alunos de diversas especialidades: sistemas hidráulicos; hélices; instrumentos; motores; aviões; soldador; manutenção, reparação e operador de Link Trainer; meteorologia; manutenção de pára-quedas; manutenção, reparação e operador de rádio; viaturas motorizadas; sistemas elétricos; chapas e metal; máquinas e ferramentas
Além desses cursos especializados, havia também instrução militar, educação física, atividades complementares de cunho social e visitas a Organizações Públicas e Privadas.
Os cursos eram ministrados por instrutores americanos, cerca de 300, “havendo a obrigatoriedade de o aluno ser fluente na língua inglesa – conta o Sargento Bottene, aluno da 6ª turma- Os alunos eram muito bem preparados, recebiam o que havia de melhor em conhecimento de aviação para a época”.
Próximo à Escola, havia o Hipódromo da Mooca, local onde ficavam os aviões destinados à instrução dos alunos no solo: 1 Lockheed B-34; 2 North American B-25 Mitchel; 2 Curtiss P-40E Kittyhawk; 1 Douglas A-20K Havoc; 1 Douglas B-18 Bolo; 1 Vultee A-35B Vengeance; 1 Republic P-47 Thunderbolt
Por ocasião do seu primeiro aniversário, a Escola Técnica recebeu a seguinte citação do Ministro da Aeronáutica: “Esta Escola é o maior empreendimento que poderia ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da Aviação Nacional. Estamos nós seguros e certos de que esta foi a maior etapa vencida para que pudéssemos ter uma aviação condigna”.
Os militares formados por aquela Escola, em uma época de amplos desafios, ombrearam-se com seus companheiros oriundos da Escola de Especialistas do Galeão e não permitiram que a lacuna de pessoal existente aumentasse. Foram a mola propulsora e o sangue novo que permitiu à Força Aérea Brasileira manter seus aviões operando com segurança e empregando-os nas missões em defesa da liberdade, tanto na Campanha do Atlântico Sul quanto na Campanha da Itália.
Durante a cerimônia de formatura na E.T.Av. era realizada a passagem da Ferramenta Simbólica. Um aluno transmitia, nesse ato solene, a um outro aluno da próxima turma a ser formada, uma chave inglesa.
Na formatura da 23ª Turma da E. T. Av. 21 Jul 45, esteve presente o General Mark Clark, que comandou, na 2ª Guerra Mundial, o V Exército Aliado, ao qual estava integrada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Desse escalão expedicionário faziam parte, como unidades da FAB, o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação.
Na solenidade militar, o general americano usou da palavra dizendo “do prazer de se encontrar naquele instituto, onde técnicos estavam sendo graduados, congratulando-se com os funcionários e instrutores norte-americanos e brasileiros que trabalhavam em conjunto para chegar a tal resultado”.
E prosseguiu: “É o mesmo quadro que trabalhou em cerrada colaboração na Europa e obrigou as tropas alemãs a conhecerem o amargor da derrota. A admiração e respeito mútuos desenvolvidos através da luta no solo e no ar, amassados em suor e sangue, devem continuar para sempre e perpetuar os laços de amizade entre os dois países.
Ouvi falar muito de vossa cidade antes de vir a São Paulo. Quando a FEB chegou para servir na Itália, quis saber de onde vinham aqueles soldados cheios de pletora e entusiasmo que costumavam dirigir “jeeps” e caminhões de duas toneladas a oitenta quilômetros por hora. Alguém sugeriu que andassem mais devagar, mas responderam-lhe que era impossível, pois esses rapazes vinham de São Paulo, a cidade de movimento mais rápido do mundo. E eu não queria retardá-los por nada deste mundo, porque eles deram uma enorme contribuição à paz que estabelecemos na Europa. Tenho a dizer-vos que vos deveis orgulhar da vossa Força Expedicionária. Que Deus vos proteja”!
Após o término da guerra, em 1945, e até 1950, chegaram outras 250 modernas aeronaves para equipar os esquadrões, o que vem ratificar a sábia decisão de se criar a Escola Técnica de Aviação, pois se assim não fosse a operacionalidade da Força Aérea estaria seriamente comprometida.
A Escola Técnica de Aviação, em decorrência do seu crescimento, em 1945, ocupava vários prédios vizinhos, alugados pelo Ministério da Aeronáutica. Era necessário pensar em construir novas instalações. Pensou-se no Hipódromo da Mooca, no entanto, a Prefeitura de São Paulo tinha um projeto de construir um parque para os moradores daquela região.
A Escola Técnica de Aviação funcionou na Mooca durante 10 anos, até 1953, quando foi extinta pelo Decreto nº 34.095, de outubro daquele ano, e fundiu-se com a Escola de Especialistas da Aeronáutica, já em sua nova sede, na cidade de Guaratinguetá.
Fonte: http://www.reservaer.com.br/biblioteca/e-books/etav/
Matéria sugerida por Mauricio Ogoshi a quem agradecemos