Antonio Proost Rodovalho, conhecido como Coronel Rodovalho, foi um poderoso político e empresário paulistano. Em 1889, em sociedade com seu filho Antonio Proost Rodovalho Junior e com Oscar Horta, fundou a Casa Rodovalho que fabricava carroças, charretes, carruagens, bondes e outros tipos de veículos, cuja fábrica e cocheiras se situavam na rua da Mooca na esquina da rua Luís Gama, área esta próxima da atual rua Oscar Horta e o escritório no antigo nº 1 da rua de São Bento, esquina com o largo do Ouvidor, em um suntuoso prédio de dois andares que já não existe mais.
Embora a Casa Rodovalho não tenha sido a primeiríssima no serviço de táxis em São Paulo, a empresa foi uma das pioneiras por aqui a ter uma frota própria de veículos e time de motoristas (à época “chaffeurs”), bem treinados, à disposição de clientes. Eram, aproximadamente, duas dezenas de automóveis e outras duas dezenas de carruagens que atendiam à população paulistana, especialmente a elite e políticos. Era até possível chamar um táxi por telefone, discando “3”, que era o número que atendia tanto a Casa Rodovalho, como sua garagem.
Mas, uma outra atividade talvez tenha sido a propulsora da Casa Rodovalho e, para conhecer isso, temos que voltar no tempo:
Em 1828 o Imperador Dom Pedro I promulgou a Lei Régia de 1 de Outubro de 1828, que proibia sepultamentos nas igrejas – regra até então – e que deixava os templos religiosos com um cheiro insuportável de cadáveres em decomposição.
Com o surgimento dos cemitérios em São Paulo, como o da Consolação, surgiu também a necessidade de novos velórios e serviços, transporte de mortos etc. Todos esses trabalhos passaram a ser prestados pela Santa Casa de Misericórdia, que teve o monopólio acertado inicialmente até dezembro de 1899.
No final da década de 1890, com a eminente finalização do monopólio da Santa Casa nos funerais, algumas empresas privadas já começaram a surgir para explorar este futuro nicho de negócio que, tudo indicava, seria aberto a todos os interessados mediante regulamentação
Foi aí que surgiu uma das maiores empresas paulistanas do ramo de aluguel de carroças e carruagens para sepultamentos e ornamentos de sepulturas: A Casa Rodovalho., empresa, que era oficialmente conhecida como Rodovalho Jr. Horta & Cia, comandada pelo seu principal proprietário, Antonio Proost Rodovalho Júnior.
A polêmica foi algo que marcou o serviço funerário paulistano desde o final do século 19 até, pelo menos, o ano de 1918, quando a gripe espanhola levou a prefeitura a intervir pra valer no serviço.
Por isso, a extensão do monopólio da Santa Casa nos sepultamentos, inicialmente prolongada até 1911, causava indignação a quem queria entrar no ramo funerário, já que ela só terceirizava seus serviços para a Casa Rodovalho.
Isso evidentemente não foi um problema para a Casa Rodovalho, que além de seus serviços de carruagem e táxi, lucrava com sua generosa parceria com a Santa Casa, onde cuidava especificamente dos paramentos, importação de coroas de flores e também do traslado dos corpos, de velórios para os cemitérios da cidade.
Coube a Casa Rodovalho, em 1918, um recorde na cidade de São Paulo que creio até hoje não ter sido alcançado. Neste ano, auge da gripe espanhola na capital, a empresa chegou a organizar 600 funerais na capital em um único dia.
O caos causado pela gripe espanhola naquele ano foi tão grande, que levou a prefeitura a baixar um decreto tabelando os preços dos funerais, proibindo seguir o féretro à pé e restringindo os funerais apenas a familiares.
A Casa Rodovalho permaneceria no serviço funerário ainda por algumas décadas, bem como também no serviço de táxis.