Impecáveis em nossos uniformes de um azul marinho profundo.
Camisas brancas perfumadas, a minha, pela avó Helena, prendendo o broche com o logotipo da escola. Uso obrigatório de centenas de meninas. Os acessórios: meia branca 3/4 e sapato de boneca preto.

Lá íamos nós pro Colégio Catarina, no alto da Mooca e no alto dos meus sonhos de criança: queria que a irmã Firmina gostasse de mim. Eu adorava as freiras. Todas elas. E adorava a Catarina, que com olhos e cabelos claros cismava em olhar pra todas nós conferindo o “uniforme” que empunhávamos como bandeira de bons tratos da família.

Cada dia, pra mim, era um sonho. Misturada às famílias ricas da Mooca, lá estava eu. Um peixinho fora d’água, com apontador e lápis “baratinhos” que contrastavam com os de uma amiguinha: um enorme globo terrestre que ia comendo o grafite envolvido em prata. Aquilo era muito lindo!

Velhas histórias na capela. Pedidos a Deus pela vida da irmã Angélica, que nos compreendia como nenhuma delas…Lanches cheirosos, banheiros limpinhos. Professoras lindas, austeras…exemplos de religiosidade e pontualidade.

COLÉGIO SANTA CATARINA , SÓ PARA MENINA. Representava o preconceito de minha mãe tão liberal…Acho que o que eu sentia naquela época, nos meus 7/8/9 anos era incompreensão: por causa do recreio organizado demais, da sala de aula silenciosa demais, da fuga do pensamento durante a explicação sobre religião…Deus perdoa quem sentiu o que eu senti: antes, medo…depois, saudades.

Soraya Ruffo
Ex-aluna saudosa do Colégio Santa Catarina a partir de 1962 e ex-integrante da perua do Sr. Salgado.