O “Portal da Mooca” tem recebido constantemente pedidos indagando se a palavra Mooca possui acento. Essa dúvida se deve ao fato de que, em vários locais, a palavra aparece acentuada mas em muitos outros isso não ocorre. No passado, era muito comum escrever Mooca com acento agudo e, até há bem pouco tempo, várias placas indicativas da Rua da Mooca eram acentuadas. Essa é a razão da dúvida gerada.
Para resolver de vez a questão fomos ouvir dois especialistas, com opiniões antagônicas: o nosso poeta da Mooca Guido Piva que defende (mais ou menos!) o uso do acento e o mais conhecido professor da língua portuguesa, o também mooquense Pasquale Cipro Neto.
O poeta Guido Piva, como de praxe, preferiu defender o seu ponto de vista no linguajar típico e irônico do seu personagem Pimpinello Rinzoni, mas começaremos pelo professor Pasquale que se expressou através de um sério parecer :
“A separação silábica de “Mooca” é “Mo-o-ca”; a sílaba tônica é “o”. Não há acento porque a palavra é paroxítona terminada em “a”, como
“foca”, “broca, “maloca”, “judoca”, “tapioca” e tantas outras, que também não levam acento. Há quem queira afirmar que a palavra tem acento por causa do “hiato” (vogais que vêm em seguida, mas ficam em sílabas separadas). De fato, há hiato na palavra “Mooca”, mas esse tipo de hiato não se acentua. “
E agora, a opinião do Pimpinello Rinzoni, digo Guido Piva :
Come giá falê, im meo premêro livro mocanheiz, neli fô iscrita la parola MoÓca cum acento, giá dice!… e só por isso, io mi arrumê una bruta briga qui nó cába mai! Até oggi, io nó güento mai di arrecebê tanta recramaçó di tutti os nuovos ‘Pasqüalis’ dela vita’, principarmenti, as do meo grandi amico Rafaé Cardamone, o Raluca, moquensi fervorozo e qui fô lo primo presidenti da famosíssima Escuderia Pepe Legá lá da Móca!
O qui devo de adizê im defeza di me, e di meo autôre Guido Carlos Piva, prá frustaçó dos pôcos defensore da parola Mooca sem acento é qui, Mooca, nomi di nostro quirido bairro, na mia excrusiva opinió, é qui tanto faiz ela tê ô nó tê acento, tanto uma, come otra, iston curretíssimas! E iston por razones distintíssimas: istrangerismo (origi) e tradiçó. i é per qüesto qui mi arresorvi alora ixpricá o qui, prá pôcas personas, nó tê ixpricaçó.
Qui a parola Mooca, im portugueis, nó tê acento é véro… nó só é véro, é veríssimo! E per due motivo, perquê im sua pópria origi istrangêra, ela nó tê acento, poi, o nomi Mooca, come giá falê, é originado pelo juntamento de due parole da língua tupiguaraneis: MO = FAIZ + OCA = CASA, e sarvo arguma opinió mai sabidona di argum porfessore di língua tupiguaraneiz, nos tempo dos índio nó inzistia iscrita, sendo cosi, molto menas apodia inzisti acento na parola Mo, come tamem na otra: Oca.
Ainda assi, si só qüesto nó bastassi, memo quando si qué aportuguezá o nomi da parola Mooca, e cum isso dexá ela ficá dibaxo das regra severíssima e cruélis da acentuaçó portugueza, di manêra arguna si pódi acentuá ela, sarvo erro di mia interpretaçó, o qui é molto difíci di cuntecê, o nomi dela no s’incácha im nessuna regra prá si apodê acentuá ela!
Ma… péra um pô! Per istrangerismo, qui nada mai é qui o uso di parola istranha a nostra língua, virô tradiçó, e prá qui ainda nó sabi o qui é tradiçó, io vô ixpricá:
Tradiçó nada mai é qui o cunhecimento do custume uzado e inrraizado profundamenti im otra língua, e, tradiçó quando é memo tradiçó, nó tê o qui adiscuti, tá sempri certa! Tanto qui alora vô ixpricá perquê a parola Móca, cum acento, é um istrangerismo qui avirô tradiçó:
Nos tempo qui os imigranti chegaro aqui no Brasi as dificurdadi qüelis tinha prá aparlá a nostra língua era molto grandi, prova é qui elis só afalava o mocanheiz! Intó. moltas das parola purtugueza era quasi qui impossibili elis cuncegui aparlá curretamenti.
Entri tantas qui elis nó sabia aparlá, a parola Mooca era uma das qui mai elis tinha dificurdadi di falá! Era molto comum, elis, no inveiz di aparlá o segondo Ó aberto, elis fechá o barúlhio do som, i aparlá o Ô fechado! Qüesto era motivo di molta gozaçó dos brasilêro qui iscuitava os imigranti aparlá MoÔca, no inveiz di MoÓca! Cum qüesta bruta gozaçó cuntecendo, os imigranti ficava tudo fulo da vita cum os brasilêro, e segondo mi afiquê sabendo, tê uma istória, qui alora io vô cuntá, qui fô incontrada nos arquivo das memória dos dicendenti mai antico qui, per qüesto memo, nó si apódi prová di jeito nessum, contudo é la mai pura veritá:
Um dos primo imigranti intaliano, qui si chiamava: “Acentino Mula”, calabreiz dos bom, e qui vendia pizza quenti nas porta das antica fábrica di pano dos Crespi, lá na Móca, qui, num dia qui si tinha passado molto vechame cum as maledeta gozaçó dos brasilêro, cum molta ravia e molto possesso cum la vita, colocô, di porpósito, um acento no segondo O da parola MoÓca, E feiz isso, só prá alertá tutti os seos paisá, prá qui elis nó s’isquecê di come tinha qui aparlá a parola Moóca. E qüesto deo molto certo. Certíssimo! Tanto qui, dirripentimenti, conseguio pará cum tuda as gozaçó qui afazia, os brasilêro gozadô.
Prontamenti, dópo da invençó magistrá dessi maledeto acento por Mula, nó só os imigranti e seos dicendenti, ma, tudo mondo… tudo mondo memo!… qui morava na Móca, e im tutti os bairro vizino, passaro a tê o tradicioná custumi d’iscrevê, falá e arriconhecê só a parola MoÓca, “iscrita cum acento”, come a única manêra certa d’iscrevê e di si pronunciá ela… e cum isso nunca mai si alembraro daqüela otra parola Mooca, sem gracia, cum due O, e senza acento qui os índio afalava, ma nó iscrevia! E fô cosi qui a parola istrangera MoÓca, cum acento, passô a sê um custumi molto difícili di si evitá… e quasi qui impossibili di s’incontrá una pissoa, principarmentienti os moquensi mai véchio, qui nunca tenha iscrito a parola Moóca cum acento. Tanto qui, basta si olhiá as praca di rua e os documenti oficiáli mai antico, a parola MoÓca iscrita cum acento ispalhiada por tudo quanto é lugá! O será, mio Santo Benedéto… qui tutti qüesta murtidon di pissoas, qui ainda iscrévi a parola Móca cum acento, nó tê ilustraçó? Maquê bello!
Só qui, cum o surgimento das televisó e dos porgrama qui insina o portugueis mai curto, ôpa, adescurpi, “culto”, moltas pissoa passaro a tê mai cunhecimento sobri as regra maledeta di acentuaçó portugueza e ficaro sabendo qui era erradíssimo iscrevê a parola MoÓca cum acento, e anssim, qüestos ‘nuovos Pasqüali dela vita”, come si fôssi os único sabidó del mondo, passaro a persegui impiedosamenti a tuda as persona qui iscrevia ela cum acento… e fô giustamenti aí qui acumeçô tuda qüesta confusó!
Só qui elis s’isquecero da tradiçó qui, tutti os moquensi, ainda guarda no suboconciente, desdi qüeli dia qui o pizzaiolo ‘Acentino Mulo’, sem querê querendo, colocô qüesto maledeto acento no segondo Ó da parola Móca e acabô inventado uma parola istrangera, qui memo sendo iscrita cum las mema letra e inventada aqüi no Brasi, prá frustraçó di tuti qüestos nuovos Pasqüalis, é um istrangerismo qui nada tê a vê cum a otra parola Mooca, sem gracia e sem acento qui a língua portugueza usa.
Prá melhió ixpricá e prová qüesto istrangerismo qui, si tornô um custumi, é só prestá atençó naqüela otra parola molto usada oggi im dia: TELEFONICA, qui memo nó tendo acento im sua origi ispanhola é pornunciada come mela tivéssi um: TELEFÔNICA, ma, qui por sê una parola istrangera nó si acentua. Concrusó: a parola MoÓca, quando acentuada, por sê istrangera, ô Mooca, quando aportuguezada, senza acento, iston curretíssimas!
Orra meu! qui mi adescurpe tutti os Pasqüali dela vita, ma io devo mi afazê alora uma confisson finá: Tuda veiz qui eu tenho qui iscrevê e nó acentuá a parola Mooca… Giuro! io sinto um certo má ista… um arrepio na ispina e cuméça a mi dá um cominchó por drentro, qui nem falo prá vuceis! Memo perquê nunca vi ninguém afalá o nomi di meo bairro : MO-O-CA, cum tudas as suas letra, senza si fingi, ô si afazê afetaçó. O qui eu iscúito, e qui tudo mondo iscúita, é MÓCA, iguarzinha come falá meo coraçó, cum um único Ó e cum o barúlhio do som bem aberto: ÓÓÓÓÓ… e pronto!
Esperamos que você tenha conseguido formar uma opinião a respeito. Que nos desculpe o nosso amigo e colaborador Guido Piva, mas o “Portal” sempre adotou o parecer do também nosso amigo Professor Pasquale.