A Mooca, também faz parte da vida do ator Giuseppe Oristânio, conforme ele contou em entrevista concedida ao Jornal O Estado de São Paulo :

“Assim como D. Pedro II, foi às margens do Ipiranga que dei meus primeiros gritos de independência. Era uma época em que um garoto de 12 anos como eu podia pegar o Jardim Previdência/Parque D. Pedro e descer no Museu do Ipiranga, na Avenida Nazaré. Era pura emoção.

novoMuito menino, pegar ônibus sozinho era uma superaventura planejada com antecedência: convencer a mãe, juntar os trocados da condução, comprar uma Tubaína, enfiar na sacolinha o pão com mortadela, a bola de plástico e seguir em frente.

Aí era descer no Museu e se espalhar na grama. Depois, brincar de Pelé com algum garoto que estivesse por lá, na sua aventura particular ……Os meses se passaram e os gritos de independência me encheram de confiança. Um ano depois eu ia, nesse mesmo ônibus, mais adiante. Eu treinava no estádio de futebol do Juventus, na Rua Javari. Pegava o Jardim Previdência ali perto de casa, sentava naquele banquinho solitário bem na frente, passava pelo Museu do Ipiranga e olhava pra ele com um ar de conquistador.

Descia na Avenida dos Estados e ia andando até a Rua Javari. No caminho tinha um cheiro delicioso de café torrado vindo não sei de onde. Às vezes, dentro do estádio e correndo atrás da bola, aquele cheiro de café invadia o gramado e me causava um enorme prazer, numa época em que eu nem gostava de café. Me lembro de pensar como uma coisa tão ruim pudesse cheirar tão bem… ….O Museu do Ipiranga, o Juventus da Rua Javari e o TBC me transformaram num homenzinho. Esses três lugares foram minhas primeiras conquistas de liberdade, os meus gritos de independência. A partir do TBC virei ator. Não foi decisão, não foi desejo de ser ator, não foi nada além de um grito de liberdade”.

Filho de imigrantes italianos, o ator Giuseppe Oristânio fez sua estréia profissional em 1972, aos 14 anos, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). De lá para cá foram mais de 30 peças, 15 novelas e especiais para a TV.

Fonte : Guia/Caderno 2 do Jornal O Estado de São Paulo