O livro “Casas Paulistanas” é, sem dúvida alguma, um dos mais bonitos e importantes documentos a respeito do tradicional bairro da Mooca e da arquitetura operária da cidade de São Paulo.
A inspiração para a publicação do livro poderia ter vindo do próprio nome do bairro. Em tupi-guarani, “Moo” quer dizer “fazer” e “oca” significa casa. O olhar atento do autor – o diretor de arte Milton Rodrigues Alves, nascido e criado na Mooca – ao longo dos anos foi notando as mudanças na vizinhança, ao redor da rua Siqueira Bueno. As hortas, comuns ainda nos anos 50, nas frentes estreitas das casas dos operários – italianos e espanhóis, ou descendentes –, primeiro deram lugar a modestos jardins.
Logo depois, no final dos anos 60, sumiram sob o piso de caquinhos para receber o mais recente e ilustre morador: o automóvel. A cerca viva deu lugar à grade e, para proteger o bem mais precioso da família, os moradores não titubeavam: era preciso fazer uma cobertura, ainda que isso significasse perder totalmente a luminosidade e a vista da janela da sala. “Com a chegada do automóvel, o que era jardim se transformou em jaula. A janela, que antes se abria para o sol e para as flores, agora fica à sombra de um telhado, de uma laje, e tudo o que dela se vê é o veículo estacionado em frente”, constata o autor.