Não, esse escândalo não ocorreu agora, mas em 1889. Veja a interessante notícia, em linguagem da época, publicada no Jornal A Província de São Paulo, no dia 8 de junho daquele longínquo ano. Mas, como podemos constatar, as coisas não mudaram muito…..
“Tivemos hontem denuncia de que, terrenos da Mooca estavam sendo distribuídos precipitadamente como presentes a amigos na última hora. Duvidamos da informação que nos pareceu assente em conhecimento menos exacto de factos legaes; mas hoje tivemos confirmação do que nos fora communicado e vimos também exposto no Federalista quase nos mesmos termos. Reproduzimos por isso o que relatou o collega e condemnamos essa fraude administrativa, pela qual não queremos responsabilizar o sr. Barão de Jaguará.
Eis o serviço loyano aos amigos que suspiram pela volta da grande política da abolição…dos escrupulos dos governos honestos:
“ Crescido numero de pretendentes a esses terrenos procederam atropeladamente durante todo o dia de hontem a demarcação e regularisação de seus lotes pela fórma seguinte, segundo nos informam. Pretendem elles nos terrenos suburbanos concessão de lotes ruraes de fórma que virão a ter lotes de 10 hectares; ou 100 mil metros quadrados, para edificar, quando os lotes maiores que poderiam obter seriam de 2.400 metros quadrados.
Esses grandes lotes virão a custar aos seus felizes compradores a insignificante quantia de 200$000!
Informam-nos que hontem, por ocasião de tal demarcação apressada, um dos felizes pretendentes offerecia aos outros por cada lote a quantia de 10 contos de réis!
E ainda assim – tão bom é o negócio! – viu recusadas as suas propostas.
Trata-se pois, de um grande escândalo que se pretende consummar á ultima hora, a custa da benevolência do sr. Barão de Jaguará.
Esperamos que sua exc., escrupulosas como deve se mostrar pelo interesse público e pela honra da administração, não se prestará a esse derradeiro arranjo, si é verdade que elle está em execução.”