Meu nome é Gilson, e morei durante muitos anos na Mooca. Minha primeira lembrança da Mooca, lá pelo ano de 1.971 ou 1.972, foi quando nos mudamos pra Rua Odorico Mendes, não lembro o numero da casa, mas era um sobrado muito antigo, com uma porta ( com uma janela no meio) que dava numa escada de madeira que chegava ao piso superior, onde de fato moravamos, pois na parte de baixo da casa ficava uma um ferro velho que se alongava até a avenida do estado. Ao lado de nossa casa, ficava a oficina mecanica do Zé (nome muito estranho para um japonês). lembro bem das brincadeiras, nossa rua tinha muitas crianças, e nos finais de semana a rua ficava congestionada de tantas crianças. As brincadeiras erams as mais diversas, desde “mãe da rua”, “Mana mula”, “queimada”, “taco e bola” e bola que não poderia faltar.Nesta época tinha uns 8 a 9 anos e meu irmão mais novo Eduardo,uns 5 anos, e o mais velho Geraldo um ano a mais que eu. Nossa vida era ir pra escola “Eduardo Carlos Pereira”, onde invariavelmente me metia em confusão e brigas. No natal de 1973 meu pai faleceu, e com isso fomos morar com meus avós maternos na zona leste em Cidade Patriarca. Depois de uns anos fora, acho que foi em 1.975 ou 1.976, retornamos pra Mooca, agora na rua Cel Cintra, num pequeno apartamento (na realidade uma Kitinete)de 3º andar num predio que faz esquina com a rua da Mooca.Retomei as amizades antigas, porem a Odorico Mendes, já não era a mesma. A rua havia sido tomado por maconheiros, bebados e desocupados, não sendo mais a mesma de minhas antigas lembranças. Fui estudar agora no ” Firmino de Proença”, com os tradicionais uniformes e a blusa meio surrada que havia ganho de segunda mão, mas que colocava com orgulho. Nesta epoca as amizades eram identificadas por apelidos, como fiquei fora uns dois anos, todos tinham apelidos e se chamavam por ele, menos eu, até que um dia o “Jacaré” um cara da turma mais velha da rua cel cintra, disse que tinha me visto com uniforme de guardinha da Zona Azul (Achoa que a Prefeitura estava implantando o sistema de controle de estacionamento da Zona Central de São Paulo), e foi uma gozação só. Deste dia em diante passei a ser conhecido como ZONA AZUL. A maioria dos amigos e conhecidos daquela epoca tinha apelido. Vou descrever alguns que me lembro do nome e do apelido, e daqueles que lembro apenas o apelido: Joaquim, Tatu, Carlos, Galo, Cláudio. Burrinho, Rudnei, Porco, Isaias, Napa, Rogério, Urso,outros que só me lembro dos apelidos: Jacaré, Duca, Panda, Marreco, Mamado,Cavalo, Jegue, e por ai vai
Realmente são boas lembranças. Lembro ainda do Xara burguer, que ficana bem embaixo do nosso prédio, onde tomei pela primeira vez, Frape de Coco, e onde experimentei o melhor hot dog de S. Paulo, parece que ainda sinto o cheiro e o sabor.
Depois da Cel. cintra, mudamos pra uma casa, na rua da Mooca, bem em frente a Igreja S. Genaro, em cujo patio, na entrada da igreja, minha mãe estacionava o carro (um fusca derrubado), e eu e meu irmão roubavamos a chave pra ficar dirigindo dentro do patio. Quando não conseguiamos, pois minha mão descobriu e dificultou, faziamos ligação direta (quem me ensinou foi o Zé japones) e ligavamos o carro assim mesmo.
As lembranças são muitas e as histórias tambem. Foi na Mooca que descobri aos 15 anos (em 1.978) que seria Pai, meu filho nasceu na Maternidade D. Pedro, fui morar com minha namorada, aos 15 anos, por um acaso no mesmo apartamento que morei com minha mãe e irmãos. Foi uma experiencia e tanto. Com o Burrinho (claudio) fomos experimentar a primeira comida da minha ex-esposa, feijão (onde os bagos ficavam boiando numa panela cheia de agua) quase quebrei os dentes pois estavam duros pra cacete. Ela quis incrementar e fez tambem uma macarronada, mais parecia uma gosma de cola do que uma macarronada. Enfim coitado do burrinho e de mim que tivemos de comer e ainda dizer que estava bom….
É são muitas historias e boas lembranças.
Um grande abraço
Gilson Rocha Ferreira, vulgo Zona Azul