Rua Javari. Anos 50. Sete e meia da noite. Hora de descansar. O jovem Pedro Jair Battazza senta-se sobre um dos engradados de madeira que coloca na frente da porta fechada da venda de seu cunhado, Francisco Tácito (Seu Chiquinho). Por ele passa apressado o jovem Geraldo Vietri, com uma maço de cigarros na mão, em direção à Rua Visconde de Laguna, atrasado para pegar um ônibus. Vindos de algumas casas abaixo, chegam os jovens Pasqual Raucci (Pasqualuccio) e Nicola D’origan. Do outro lado da rua, vêm os jovens Carlinhos Crispim, José Magnoli (Hélio Ribeiro) e Zezo Volpato. Após os cumprimentos de praxe e algumas considerações sobre o esquadrão do Palestra, todos se aboletam nos engradados e passam a fazer o que mais gostam: cantar as belas canções que acabaram de ouvir em algum aparelho de rádio ou vitrola. Sob uma imensa lua vermelha, põem-se a cantar Luna Rossa, Vola Colomba, Anema e Cuore, Ue ! Paesano e outros hits de então. Talento para esta turma jamais faltou. Deus deve ter tocado suas cabeças ao ver-lhes, tão alegres, lá de cima. Alguns tornaram-se muito conhecidos. É o caso de Geraldo Vietri, inegavelmente o mais importante autor e diretor de teleteatro, telenovelas, seriados e miniséries da televisão brasileira. É o caso de José Magnoli (Helio Ribeiro), indiscutivelmente o maior comunicador do rádio brasileiro em todos os tempos. Outros se tornaram importantes em seus respectivos ramos de atividade. É o caso de Pedro Jair Battazza, expoente do Direito Societário Brasileiro. É o caso de Pasqual Raucci, importante funcionário da Receita Federal. Algumas destas ricas personagens da Mooca já se foram. Será que tem engradado de madeira no Céu ?

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